sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Bicho estranho


"O ser humano é bicho estranho mesmo: ao mesmo tempo em que se orgulha em ser o único animal racional, usa esta danada da racionalidade para ser infeliz.
Eu mesmo nunca vi um cachorro nem um ornitorrinco tristes. Os caras querem é diversão, lirismo! O lance é correr atrás de gatos, carteiros... ser bicho aquático ou gramático (salve, Vicente Matheus!)." Beto Figueirôa

Talvez, na verdade, apenas carentes criaturas equivocadas com medo de amar. Talvez tenhamos sofrido tanto a ponto de não querermos mais nos entregar. Talvez tenhamos ficado egoístas na tentativa insana de nos blindar, e discursamos que somos apenas racionais e pragmáticos. O que somos afinal? Ou melhor, em que nos transformamos?

É complicado prever até quando isso vai durar. Difícil imaginar até quando aguentaremos uma luta com o espelho, até quando sobreviveremos à inconsistência das noites frias ou às disputadas noites agitadas. Somente o tempo nos dirá até aonde essa tática nos levará. 

Por vezes quis evitar e tantas outras quebrei a cara, é possível que a metamorfose à qual Raul Seixas se referia seja exatamente isso, o jogo da vida: jogar, errar, tentar de novo. Avalie se não é possível tirar lições de tudo, especialmente dos erros.

Para alguém que exala amor pelos poros, que ama de forma total, ama o mundo e a todo mundo, ser um polvo tentando proteger a todos, tentando resolver tudo todo momento, pode até ser uma boa. Porém, às vezes, a base sofre tremores, necessita recarregar as energias, precisa sentir afago na ponta dos tentáculos.

Estar solteiro é bom, você tem mais tempo para si, para seus amigos, não precisa dar satisfações e não há grandes preocupações. É um ciclo e como todo ciclo deve ser aproveitado a contento, de forma que nada pode ser eterno. Estar sozinho já não me soa tão bem, parece algo solto, somos uma espécie social (acho que todas as outras também) e como tal, precisamos viver e conviver. Já mandar alguém que gosta de você embora é duro, é complicado, nos faz repensar. Avaliar questões como o que realmente se busca. 

Freud traduziu o conflito entre o racional e o emocional através da sua teoria estrutural da mente: O id, o ego e o superego funcionam em diferentes níveis de consciência. Sendo o Id regido pelo princípio do prazer, aquele que não leva em conta as conseqüências indesejáveis, apenas exige satisfação imediata dos impulsos. O ego é regido pelo princípio da realidade, cuida dos impulsos do id (eu diria que tenta cuidar), desejos inadequados não são satisfeitos e sim reprimidos, é o mediador entre as reivindicações do id e os imperativos do superego. Já que este último é o responsável pela moral, ideias, valores, fonte dos sentimentos de culpa. Fico imaginando a crise diária do ego...

Por isso, apesar do plano racional montado e articulado, por vezes, é necessário se permitir. Experimentar mais uma vez, “tentar de novo novamente”, ou na verdade, apenas deixar acontecer. O plano precisa ser adaptável ao ambiente para que numa dessas, não se deixe passar uma oportunidade ímpar, daquelas que os astros conspiram a favor. Daquelas que há sinais diversos do cosmo, do astral, ou simplesmente, “coincidências” da vida. Nada pode ser rígido de forma imutável.

Como a canção incrivelmente oportuna:

“Venho aqui registrar o meu protesto, pois te quero muito além do sexo. Mas você não entende o nexo.

O amor é muito mais complexo, e não só pelos pequenos gestos. Eu te quero por todo o resto.

Sem saber, vou trilhando teus caminhos, vou driblando os espinhos, até conseguir acertar.

Eu não sei, não entendo mas aceito, e tudo que não for perfeito, quem sabe eu possa tentar subornar.

 Meus quadros expostos ao sol, e o meu medo do escuro.

Mas posso ver bem melhor, você me leva além dos muros.”

A vida por aqui é tão curta, temos tanto a fazer e tão pouco fazemos...

Que tal seguir o que diz a música: “não precisa complicar, nosso tempo é curto”...


Excelente final de semana
beijinho

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