Apenas um!

Já parou para pensar como somos tantos ao mesmo tempo? 

Na teoria somos apenas um ser. Uma Maria, um José, uma Márcia Rejane ou seria a Márcia Rejane, enfim, apenas um sistema nervoso, um sistema imunológico, um sistema respiratório, um corpo. Porém, na prática, a teoria é bem outra. Somos vários ao mesmo tempo, representamos vários papéis e eles não estão dissociados. Por mais que saibamos separar as coisas, somos apenas uma consciência. Podemos até ter vários pensamentos distintos ao mesmo tempo e fazer várias coisas simultaneamente (uma característica geralmente feminina), mas somos – acredite!- apenas um.

Então, a grande questão é como administrar um ser para tantas atitudes. No mundo contemporâneo o problema é ainda mais gritante, visto que, na antiguidade (e aqui falamos em menos de um século), as pessoas assumiam bem menos papéis ao mesmo tempo. E era nessa realidade que as mulheres cuidavam dos filhos e da casa, enquanto os homens trabalhavam. Como consequência, nos finais de semana os programas costumeiramente eram familiares. Nesta época, dormia-se 8 horas por dia em média, ou seja, um terço da vida dormindo (Como prega o slogan de colchão totalmente desatualizado).

Pois bem, a realidade hoje é bem outra. Somos ao mesmo tempo - nas únicas 24 horas que possuímos- funcionários, estudantes, donos de casa, filhos, pais, amigos e tantos mais... Precisamos dar conta da nossa casa, carro, cuidar do lado espiritual, malhar, trabalhar, estudar, trabalhar mais um pouco, pagar as contas, cuidar da saúde, acompanhar as notícias, cuidar das tarefas rotineiras - como a diarista e o supermercado-, alimentar-se corretamente e ainda ter tempo para o lazer. Ah! Quase esquecia: também precisamos dormir! E é mesmo o sono que temos sacrificado em prol dos diversos outros papéis, quando passamos um quarto do dia dormindo já é uma vitória.

Fico imaginando como a “Mulher-Maravilha” iria fugir com o “Superman”.

De que horas ela faria isso? E será que as agendas deles iriam combinar? Só com boa vontade e foco esse encontro seria possível. Ou será que seria uma fugida definitiva, deixando todos os compromissos de lado? É inegável que há dias em que a vontade é bem esta mesmo.

Fugir com o “Superman”, curtir uma praia a dois e, simplesmente ficar no ócio contemplativo, fiscalizar a natureza, curtir o momento de desprendimento de todas as Márcias que preciso ser diariamente.

Acredito que em algum tempo o organismo acostumará e se adaptará, afinal, a maior qualidade do humano é ser adaptável. Podemos viver no gelo ou no deserto, no pólo norte ou no pólo sul, então, certamente iremos nos adaptar a repousos físicos bem menores ( 6 horas por dia, quando muito). Pena que isso ainda levará dezenas de anos e não servirá para mim.

Importante nesse processo evolutivo é não abrirmos mão das nossas prioridades e definirmos o que realmente é importante para cada um de nós.

 Planejar de forma que não fiquemos apenas “apagando incêndios”, fazendo tudo às pressas sem ter tempo para curtirmos os simples e belos momentos. E, principalmente, não podemos perder de vista que somos “UM” ser com UM único coração e UM único corpo, precisamos mantê-los em bom funcionamento pelo maior tempo possível. Então, sejamos vários, mas lembremos que na verdade somos apenas um, amando muito.